Casa São Domingos (Santa Cruz do Rio Pardo - SP)

CASA SÃO DOMINGOS - Fundação: 1936
Rua José Epifânio Botelho, 738 – Centro - CEP: 18900-000  
Santa Cruz do Rio Pardo - SP
Telefax: (55 14) 3372 1258
 
Paróquia São Sebastião - Tel. (55 14) 3372 1037
 
 
FRADES RESIDENTES NESTA COMUNIDADE:
Frei Edivaldo Antônio dos Santos (Bruno)
Frei Bruno Moreira
Frei Antônio Damasceno 
Frei Alberto Cardoso 
Frei Tonyglei Suave 
 
 
 
Começa a aventura. A paróquia assumida já não é Ourinhos, praticamente indisponível, mas a de Santa Cruz do Rio Pardo, também esta da diocese de Botucatu, no Estado de S. Paulo. Viajando em primeira classe, com passagem gratuita do Ministério da Marinha, no navio Augustus da frota italiana, Fr. Domingos Acerbi e Fr. Miguel  Lanzani tiveram longos diálogos com pessoas do mundo político e religioso do Brasil, vindo a descobrir certa anormalidade do bispo de Botucatu. Colocava-se o problema: ir tomar posse da paróquia de Ourinhos ou procurar outro destino. Um alto diplomata, Dr. Aranha, se comprometeu a se interessar do caso junto ao grande industrial paulista Francisco Matarazzo, de origem italiana. Quatro dias depois do desembarque os religiosos se encontraram com o Conde Matarazzo que, depois de alguns dias de reflexão, sugeriu que se estabelecessem em Santa Cruz do Rio Pardo, localidade por ele muito conhecida por ter lá grandes interesses comerciais. De outro lado em Santa Cruz do Rio Pardo já estavam as irmãs espanholas da Companhia de Maria, vinculada aos Jesuítas. Os quatro religiosos, com as suas 33 caixas de bagagens, foram a Botucatu para conversar com o bispo e solicitar a mudança de paróquia, recebendo resposta positiva.
 
Feita depois uma vistoria em Santa Cruz decidiram por aquela localidade, uma vez que a paróquia tinha muito boa apresentação, em uma região de extensas culturas agrícolas, de pequenos sitiantes e poucas fazendas, muitos oriundos italianos. A zona rural, com muitas capelas, fazia ver a possibilidade de um bom trabalho na pastoral popular. Podia-se também pensar em uma escola apostólica a curto prazo. 
 
As práticas foram dificultadas devido à improvisa mudança de destino, uma vez que tudo estava orientado para Ourinhos. Uma vez negociada com o bispo a mudança para Santa Cruz do Rio Pardo, era necessária a comunicação com a Província, com a Cúria Generalícia e com a Congregação do Concílio. Em fevereiro de 1937 tinha-se chegado a posições definitivas e a paróquia foi entregue à Ordem, sendo nomeado primeiro vigário Fr. Miguel Lanzani. Logicamente foi necessário algum tempo para a ambientação dos religiosos, mas passados alguns meses as atividades pastorais já eram satisfatórias.
 
Concluídas as práticas, que se complicaram com a improvisa mudança de sede, e enviados relatórios para a diocese, para a Província religiosa, para a Cúria Generalícia e para a Congregação do Concílio, as tramitações burocráticas se concluíram em fevereiro de 1937, com a entrega da paróquia de Santa Cruz do Rio Pardo à Ordem e a nomeação de Fr. Miguel Lanzani como primeiro pároco. Em agosto deste mesmo ano as atividades pastorais já eram consideradas como satisfatórias.
 
Porém a cura de almas e a administração normal da paróquia, por muito vasta e trabalhosa que fosse, não justificariam a presença e vinda para o Brasil dos religiosos da Província de Bolonha. Era necessário que a missão assumisse posições mais de ponta e decidisse com urgência a abertura de uma escola apostólica ou seminário menor para o recrutamento de novos candidatos, uma vez que a província-mãe não tinha condições de assumir in perpetuo o ônus de envio de missionários. Era pacífico também que a província dominicana de Bolonha enviara religiosos para o Brasil não simplesmente para assumir paróquias suprindo a falta de clero, mas para preencher a sua vocação missionária.
 
A solução para esta questão apareceu quase casualmente com as grandes mudanças verificadas nos últimos anos nos quadros do vicariato da província de Tolosa, abrindo frentes no Rio de Janeiro, S. Paulo e Belo Horizonte.
 
Uma vez instalados em Santa Cruz do Rio Pardo, Fr. Domingos Acerbi foi a Uberaba para um contato com os irmãos, para saudá-los e também pedir conselhos, manifestando a intenção dos seus confrades de assumir posições de missão propriamente dita. De outro lado o grupo italiano tinha manifestado ao Mestre da Ordem o desejo de abrir uma casa na  cidade de S. Paulo, como ponto de apoio à nova entidade que estava tendo origem. Porem a Cúria Generalícia não foi favorável, uma vez que a vicariato de Tolosa já estava com um projeto para S. Paulo.
 
Fr. Domingos Acerbi continuou os seus contatos, com vistas a uma presença dos dominicanos italianos em região mais central de missão. Soluções mais satisfatórias apareceram com a procura e os diálogos com os confrades que já tinham presença no Brasil por tantos anos. Então, satisfazendo à tendência de ambas as partes, o vicariato de Tolosa fez proposta oficial de  ceder Goiás aos confrades italianos, que foi aceita pelo conselho provincial de Bolonha e a 30 de agosto de 1937 o mestre da Ordem confirmou a passagem do convento de Goiás aos religiosos de origem italiana.
 
Nos últimos dias de dezembro de 1937, no convento do Leme, no Rio de Janeiros, os vigários provinciais Fr. Benevenuto Cazabant e Fr. Domingos Acerbi assinavam esta transição em nome das províncias de Tolosa e de Bolonha.
 
Em força do contrato entre ambas as partes, o convento e a igreja de Goiás passavam gratuitamente à província lombarda; a chácara, de tamanho modesto, que servia para pastagem dos animais de sela, foi comprada por preço módico. (Venturini Alce)