FESTA DE SÃ?O FRANCISCO DE ASSIS 04-10-2016

FESTA DO SERÁFICO PAI SÃO FRANCISCO DE ASSIM

 

 

                       Hoje a Ordem dos Pregadores celebra a Festa de S. Francisco de Assis. E é com profunda alegria que elevamos ao Senhor nossa gratidão pelo belo testemunho evangélico deste homem, que em sua juventude se deixou modelar pela ternura de Deus, mudando totalmente o rumo de sua vida, abandonando os ideais cavalheirescos da época e a preocupação com o acúmulo de bens materiais.

                        O grande poeta italiano Dante Alighieri, em sua “Divina Comédia”, alude ao nascimento do “pobrezinho de Assis” com as seguintes palavras: “Nasceu no mundo um sol”. Francisco foi um sol para a sua época, cheia de conflitos e crises, e continua a ser para nós, hoje. Não é à toa que o Papa em exercício tenha assumido o nome de Francisco; com isso sinalizou um projeto de Igreja, pobre, simples e evangélica.

                   Os gestos de nosso Papa revelam realmente o essencial do cristão: “viver o evangelho”. Por isso não devemos nos escandalizar ao vê-lo renunciar alguns aparatos litúrgicos que não expressam a simplicidade evangélica. A preocupação de nosso Papa é a mesma preocupação de S. Francisco, “viver a forma do santo evangelho”, ou seja, configurar-se a Cristo nas sutilezas do cotidiano, desapegando-se do efêmero para se apegar ao que verdadeiramente importa e que é capaz de dar plenitude à existência.

                       S. Francisco de Assis é o exemplo da passagem de uma vida efêmera para uma vida plena, capaz de desapegar-se de si mesmo em vista do bem comum, ou seja, uma vida de liberdade radical perante as ofertas sedutoras do ter e do poder. Quem segue o evangelho liberta-se da lógica perversa que descarta as pessoas simplesmente porque não produzem, não dão lucro. Quem segue o evangelho se sente irmão de todas as pessoas. Quem segue o evangelho procura cuidar das criaturas, procura cuidar do que é frágil. Quem segue o evangelho procura dar voz aos sem voz, assim como o fez Jesus.

                      No evangelho segundo Mateus, Jesus exulta: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultastes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25). Na época de Jesus os sábios e doutores, que julgavam tudo a partir da sua própria ciência, não foram capazes de entender a sua pregação. Também na época de S. Francisco de Assis muitos não foram capazes de entendê-lo, achavam que ele estava louco. E em nossa atualidade não é diferente, muitos não compreendem o Papa Francisco, acham que ele está dessacralizando o papado, enquanto simplesmente está fazendo jus ao seu posto, de sucessor de Pedro, simples pescador.

                     Que neste dia nós possamos olhar para a figura do “pobrezinho de Assis” e ver nela o ardor evangélico que deve nos contagiar a cada manhã, ajudando-nos a ser instrumentos de paz e alegria em meio a um mundo, muitas vezes, marcado pela intolerância e violência. Amém.

 

 

Fr. Alexandre Silveira, OP.

 

 

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