FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO 07-10-2016

Homilia do dia 7 de Outubro de 2016
Dia de Nossa Senhora do Rosário – festa litúrgica
Celebramos hoje a festa de Nossa Senhora do Rosário. Esta faz memória à vitória dos cristãos em Lepanto (Grécia, 1771), quando o papa Pio V atribuiu a Nossa Senhora do Rosário.
A liturgia da Palavra de hoje, de modo especial o Evangelho faz alusão a Maria como a escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador. Percebemos que o anúncio do anjo a Maria vem depois do anúncio a Zacarias. Curioso observar que nestes dois anúncios há um nascimento. Existem semelhanças e diferenças significativas nestes dois anúncios.
Do anjo a Maria, o evangelista Lucas evoca as visitas que Deus tinha feito às mulheres do Antigo Testamento; como Sara, mãe de Isaque (Gn 18,9-15); Ana, mãe de Samuel (ISam 1,9-18; a mãe de Sansão (Jz 13,2-5). Interessante notar que a todas estas visitas Deus anuncia um nascimento. Esta é uma missão importante na realização do plano de Deus. Não se trata apenas de gerar um filho, mas é uma missão a geração do Filho. Ele faz, na narrativa de Lucas, o mesmo anúncio a Isabel, esposa de Zacarias e também a Maria. Maria, no entanto, é virgem, e permanece virgem, para mostrar que o filho prometido é filho de Altíssimo.
Desta maneira, a Palavra de Deus chega a Maria, não por meio do texto bíblico, mas por meio de uma experiência profunda de Deus. Da qual o anjo se manifesta a ela.
O anúncio é feito a uma virgem chamada Maria, prometida em casamento a um homem, chamado José, da casa de Davi. Lucas contextualiza bem as pessoas, e a identifica Maria. Trata-se de uma pessoa bem concreta, que nasce num lugar bem determinado, Nazaré na Galileia. Também contextualiza o tempo do anúncio, no “sexto mês” da gravidez de Isabel, parenta de Maria. Tudo é bem concreto no anúncio do anjo, as pessoas, o tempo e o lugar. Para demonstrar a nós que a missão de Deus também é concreta. Não se trata de personagens inventadas para missão planejada. Mas mais que isto. Deus chama pessoas reais para uma missão real, num mundo real. E assim se fez.
“Não tenha medo, Maria! ” Esta é a primeira saudação de Deus a Maria. E a saudação que ele faz hoje a cada um de nós. Mais que uma saudação é um convite ao encorajamento. Se a missão nos mete medo, Deus nos encoraja. Não ter medo! É o grande convite a Maria e a nós.
Ela tem consciência desta missão, mas permanece com os pés no chão. Não se deixa embalar nem se entusiasmar pela oferta e nem pelo encorajamento aparente. “Como é que vai ser isto, se eu não conheço homem algum? ” Ela coloca a sua condição. Analisa a oferta. Mas isso não é fechamento, nem faz de sua condição recusa, e sim abertura e tomada de decisão.
No acreditar e na disponibilidade da proposta, Deus faz algo novo e surpreendente como um filho nascer de uma virgem ou como um filho nascer de uma senhora já de idade, no caso de Isabel. Mostrando que para Deus nada é impossível, mas a ação de Deus vem por meio do acreditar e confiar das pessoas, e Maria como Isabel nos mostra isso. E para confirmar a Maria o anjo ainda acrescenta: “E olhe, Maria! Isabel, tua prima, já está no sexto mês! ” Da impossibilidade humana Deus torna possível para aquele ou aquela que crê.
O evangelista nos mostra neste Evangelho Maria como modelo para a vida das comunidades. Ela é modelo de como devemos relacionar-nos com a Palavra de Deus. E ela nos ensina acolhê-la, encarná-la, vivê-la, aprofundá-la, fazendo nascer e crescer, em todas as comunidades que se deixam moldar pela Palavra de Deus. Mesmo não compreendendo ela nos ensina a confiar e na confiança a disponibilidade para a missão que hoje ainda Deus anuncia a todos nós.
Frei Luiz Carlos da Silva, OP
Convento Santo Alberto Magno – Perdizes SP