XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM 09-10-2016

28° Domingo do Tempo Comum
Fr. André Boccato, OP
A liturgia deste domingo mostra-nos, com exemplos concretos, como Deus tem um projeto de salvação para oferecer a todos os homens, sem exceção; reconhecer o dom de Deus, acolhê-lo com amor e gratidão, é a condição para vencer a alienação, o sofrimento, o afastamento de Deus e dos irmãos e chegar à vida plena. O tema da gratidão na Escritura é fundamental. Toca-nos em profundidade. A eucaristia é o sacramento por excelência da gratidão. Devemos também tornar-nos “gratidão” com o nosso modo de ser cristão.
A primeira leitura apresenta-nos a história de um leproso (o sírio Naamã). O episódio revela que apenas Javé oferece ao homem a vida e a salvação, sem limites nem exceções; ao homem resta acolher o dom de Deus, reconhecê-lo como o único salvador e manifestar-lhe gratidão. Elizeu torna-se o portador da graça de Deus a Naamã. Esta história, mesmo que suscinta, pode ser considerada como uma síntese da história da salvação. Naamã representa a humanidade ferida em si mesma pelo pecado. Elizeu o conjunto dos profetas que leva a “cura” de Deus a todos. De fato, todos nós, enquanto não somos libertados do peso do “egoísmo” que nos escraviza, teremos que conviver com as “lepras interiores” que somente a graça de Deus é capaz de curar.
O Evangelho apresenta-nos um grupo de leprosos que se encontram com Jesus e que através dele descobrem a misericórdia e o amor de Deus. Eles representam toda a humanidade, envolvida pela miséria e pelo sofrimento, sobre quem Deus derrama a sua bondade, o seu amor, a sua salvação. Também aqui se chama a atenção para a resposta do homem ao dom de Deus: todos os que experimentam a salvação que Deus oferece devem reconhecer o dom, acolhê-lo e manifestar a Deus a sua gratidão. Um único curado da lepra volta para agradecer. O agradecimento é um dom interior. Este na verdade demonstra que foi curado em profundidade, na sua fé. A fé uma virtude teologal e também um ato humano. A fé é uma atitude positiva diante de um dom. Este “leproso samaritano” faz a experiência da “profundidade” interior. O nosso mundo de hoje carece de pessoas que façam verdadeira experiência de fé interior. A ele Jesus diz as belas palavras: “levanta-te e vai, a tua fé te curou”.
Peçamos ao Senhor, neste domingo e ao longo da semana, que também sejamos iluminados pela luz da fé para que a sua graça purifique a grande “lepra” que carregamos hoje em nossa vida: a falta de verdadeira e profunda fé interior.