SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÃ?Ã?O DE JESUS

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Depois de celebrarmos as solenidades pascais, celebramos a solenidade do Sagrado Coração de Jesus: nos remete novamente àquela solenidade para recordamos o imenso amor de Jesus por nós, amor que gera vida e dá a vida por meio da sua ressurreição.
Celebrarmos o Sagrado Coração é recordarmos os tempos remotos onde essa devoção começou, sobretudo no século XVI, nas regiões da França e Alemanha, de modo especial celebrada por grandes santos como, por exemplo, São Bernardo e São Boa Ventura. Em 1856, o papa Pio IX estende esta festa para toda a Igreja e Leão XIII consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus.
O Evangelho da Liturgia de hoje nos apresenta uma parábola contada por Jesus Cristo para nos revelar o imenso amor que Deus tem para com a humanidade. Ele conta essa parábola para duas classes de pessoas religiosas de seu tempo, a saber: os escribas e os fariseus. Pessoas, embora sendo religiosas, apresentavam-se cheias de orgulho e vaidade por cumprirem a Lei, e com isso sentiam-se no direito de desprezar as demais pessoas que não cumpriam.
Estes grupos por várias vezes se opunham a Jesus e até o perseguiam quando se colocava ao lado dos pobres e humildes. Criticavam sua aproximação aos pecadores da qual respondeu que “não são os médicos que precisam de remédios, mas os doentes”. Desta maneira percebemos que o coração amoroso de Jesus muito se diverge destes dois grupos.
É a estas pessoas que Jesus conta a parábola, para lhes dizer que Deus ama profundamente o ser humano e por todos se interessa. Nenhuma pessoa, mesmo sendo pecadora, escapa do imenso amor de Deus. Amor que vai ao encontro para cuidar e resgatar quando lhe precisa. “Se um de vocês tem cem ovelhas e uma se perde, não deixa as noventa e nove e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? E quando a resgata, não é assim que vocês ficam imensamente felizes, e fazem aquela festa?”. Se vocês fazem assim com ovelhas, muito mais Deus fará com cada um de seus filhos e filhas.
De uma forma irônica Jesus explica o sentido da parábola: “assim haverá no céu alegria por um só pecador que se converte, mais do que por noventa e nove justos, que não precisam de conversão”, fina ironia aos escribas e fariseus, mas também a nós hoje. Deus faz tudo para resgatar o ser humano, não porque estes cumprem Leis, Normas e Preceitos, mas porque é o Deus da vida e defende todos aqueles que a promovem.
No Antigo Testamento, houve um momento em que aqueles que eram chamados a serem ‘pastores’, ou seja, seus líderes, O decepcionaram grandemente. Não foram capazes de cuidar dos mais pobres e fracos, como consequência disso o povo sofreu a deportação do exílio. A partir daí, o próprio Deus agora será o Pastor do seu povo. Ele mesmo vai reconduzir, cuidar carinhosamente e bondosamente de cada um como suas ovelhas, fracas e desgarradas. “Eu mesmo apascentarei minhas ovelhas e as farei repousar”. Episódio este narrado na primeira leitura da Liturgia da Palavra.
E como vimos no Evangelho temos agora um novo Pastor. Um verdadeiro Pastor capaz realmente de conduzir por caminhos seguros e confiáveis suas ovelhas. Esse verdadeiro Pastor é Jesus Cristo. Não é mais como aqueles que se utilizam e abusam das ovelhas, mas ele é o verdadeiro Pastor, aquele que sabe cuidar e proteger, por que realmente nos ama. O apóstolo Paulo, na segunda leitura, nos apresenta exatamente Jesus revelando todo o amor de Deus para todos os seres humanos.
Portanto, no coração amoroso de Jesus Cristo, temos um Deus também amoroso e bondoso que cuida e protege cada um de nós, seus filhos e filhas. Como ovelhas frágeis e desgarradas, experimentamos o amor deste Deus doador da vida. Se assim ele nos trata, também nós devemos resgatar a vida onde ela aparece mais debilitada. Nos pobres e humildes de hoje, vemos a vida sendo desgarradas por tantas injustiças e falta de oportunidades, e cada um nós como filhos e filhas amados de Deus somos chamados a resgatar, a orientar e a promover, como Cristo, bom Pastor, a vida para todos, aquele que não deixa a vida se perder.
Frei Luiz Carlos da Silva, OP
Convento Santo Alberto Magno – Perdizes SP