MEMÃ?RIA DE SÃ?O JOSÃ? DE ANCHIETA

5ª-feira da 10ª Semana Tempo Comum
São José de Anchieta Presb, memória
1ª Leitura - 1Rs 18, 41-46
Salmo - Sl 64,10abcd. 10e-11. 12-13 (R. 2a)
Evangelho - Mt 5,20-26
“Indubitavelmente, o espanhol e jesuíta José de Anchieta é marco histórico-religioso para a nossa cosmopolita cidade. Nascido na Espanha em 1534, ele veio aos 19 anos para o Brasil. Morreu aos 63 anos em 1597, vivendo quase meio século em terras brasileiras. José de Anchieta chegou em 1553 e no ano seguinte firmou as bases para a fundação de São Paulo, erguendo uma Capela e um Colégio nos Campos de Piratininga”[1].
Hoje, dia em que fazemos memória de São José de Anchieta, a Boa-Nova, narrada pelo texto evangélico de Mateus, faz-nos encontrar com Jesus. A partir desse encontro somos impelidos a dar um novo horizonte à vida, somos convidados a superar a nossa prepotência e egoísmo, dando lugar ao amor libertador de Deus.
O apelo de Jesus é o de superar a justiça dos escribas e fariseus, que interpretavam a Lei a partir da própria Lei, deixando a defesa da vida em segundo plano. Essa obsessão pela Lei causou uma deturpação da sua finalidade, em vez de assegurar a prática da justiça e da misericórdia, acabou sendo objeto de opressão: A Lei foi transformada em observâncias mecânicas e fonte de lucro para as elites religiosas. Por isso vemos o apelo de Jesus: “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20).
Perante essas palavras de Cristo, como ultrapassar esse tipo de justiça? A própria sequência do evangelho nos mostra: “Não matarás!” (Mt 5,21). Essa é a exigência mínima, mas é necessário algo a mais, deve-se respeitar o irmão em toda a sua dignidade: “todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: 'patife!' será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno” (Mt 5,22). Essas palavras fortes de Jesus demonstram que o respeito ao irmão deve ser total, por isso não basta evitar o assassinato, é preciso extirpar de dentro de si a ira, o ódio, o desejo de vingança...
Isso é tão sério que, se estivermos levando a nossa oferta para o altar e lembrarmos que algum irmão tem algo contra nós, temos que deixar a nossa oferta diante do altar para buscar a reconciliação com o nosso irmão (Mt 5,23-24). Ou seja, o amor a Deus é inseparável do amor ao próximo: “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é um mentiroso: pois quem não ama seu irmão, a quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar” (1Jo 20).
Portanto, não nos fechemos em nós mesmos, em nossas angústias e pecados, não sejamos prepotentes e egoístas, deixemo-nos ser tocados pela graça divina que nos santifica e nos salva, libertando-nos de nosso orgulho e “amor-próprio” para nos abrir ao acolhimento do outro, daquele que sofre por falta de perdão, que sofre por falta de compreensão, que sofre por injustiça. Assim como Deus abre os seus braços para nos acolher, abramos também os nossos para acolher os feridos, os que são marginalizados e excluídos pela sociedade. Somente assim poderemos ser chamados verdadeiramente de cristãos.
[1] http://www.arquisp.org.br/vicariatoeducacao/vigario-episcopal/artigos/jose-de-anchieta-patrono-dos-catequistas
Frei Alexandre Francisco de Marchi Silveira, OP