FESTA DE SÃ?O TIAGO APÃ?STOLO 25-07-2016

25 DE JULHO

FESTA DE SÃO TIAGO

 

             Entre os apóstolos encontramos dois com o nome de Tiago, um é filho de Zebedeu, o outro é filho de Alfeu. Hoje celebramos a Festa do primeiro, irmão de João evangelista e tradicionalmente chamado de Tiago, o Maior.

                Tiago participou de momentos importantes da vida de Jesus, por exemplo, da agonia em Getsêmani e do acontecimento da Transfiguração. Momentos que revelam a face gloriosa do Senhor, mas também mostram a sua Kénosis.  Tudo isso culmina na Cruz, demonstrando que a glória de Cristo encontra-se na Cruz. O que outrora fora tomado como escândalo e loucura, agora, tornou-se símbolo do amor de Deus para com a humanidade, na cruz vemos a proximidade de Deus, que assumiu os anseios humanos mais profundos.

               Na cruz está a raiz da força dos que se identificam com Jesus. Ela nos indica algo essencial de nossa fé, que Deus é amor e o amor é mais forte do que a morte (cf. Ct 8,6). Portanto, ao olhar para a cruz somos interpelados e chamados a entrar na lógica da doação, da graça, do Amor.

No entanto, somos frágeis, como diz São Paulo na primeira leitura (2 Cor 4,7-15), trazemos um tesouro em vasos de barro. Por isso, muitas vezes, não entendemos a lógica da doação, não queremos fazer nada de modo gratuito, em tudo queremos tirar vantagens, pensando somente em nosso bem estar. Desejamos a “glória”, mas não queremos passar pela “cruz”.

O evangelho de hoje (Mt 20, 20-28) parece apresentar algo nesse sentido, a mãe de Tiago e João faz um pedido a Jesus: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu reino, um à tua direita e outro à tua esquerda” (Mt 20, 22). É um pedido plausível, é natural que uma mãe queira ver seus filhos bem, mas esse pedido demonstra certa ambição, não só da mãe como também a de seus filhos, que não se opõem ao seu pedido, dando a entender que concordam plenamente com o que foi dito.

               Vemos aí a incompreensão sobre o Reino que Jesus anunciava. A lógica de Jesus é totalmente outra, em vez de honra e poder, o que conta é a entrega da vida por causa do Reino, a figura do “cálice” (Mt 20, 22-23) indica justamente esta entrega pela qual se assume as situações de injustiça e opressão para transformá-las. O convite de Jesus é o de inverter a lógica dos reinos deste mundo, onde reina dominação e opressão. Por isso chama a atenção de seus discípulos: “Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro seja vosso servo. Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt 20, 26-28).

            O serviço identifica o discípulo ao Mestre. Tiago aprendeu isso, movido pelo Espírito Santo, soube dar testemunho de fidelidade a Cristo, sendo o primeiro apóstolo a conhecer o martírio, como nos informa Lucas: no século I o rei Herodes Agripa, neto de Herodes o Grande, "maltratou alguns membros da Igreja, e mandou matar à espada Tiago, irmão de João" (At 12, 1-2).

             Que a exemplo de São Tiago possamos superar o desejo de honra e poder, sendo testemunhas do Reino de Deus.  

 

 

Fr. Alexandre Francisco de Marchi Silveira, OP